VIOLÃO BRASILEIRO ESTÁ MORRENDO

Violões da Rozini, em São Paulo: empresa é uma das duas últimas a fabricar o instrumento no Brasil
Instrumento mais comum nos lares do País, o violão, inventado na Espanha e que até parece brasileiro de nascença, é quase sempre um estrangeiro. Para sobreviver no mercado (que vai bem, obrigado), marcas centenárias como Giannini, DiGiorgio e Del Vecchio passaram a importar da China. Restam, em terras nacionais, apenas duas fábricas, pequenas, que fazem o instrumento por aqui. Delas saem, por dia, 150 peças, ou cerca de 3 mil por mês. Ambas vivem num cotidiano similar à batalha de Davi e Golias. A decadência da indústria brasileira de violões ganhou velocidade há cerca de dez anos, coincidindo com a disparada na importação de instrumentos de corda fabricados, sobretudo, em países asiáticos. Em 2007, chegaram ao Brasil 740 mil unidades (descontados violinos, pianos, guitarras, contrabaixos e cravos), quase o
dobro do ano anterior. Em 2014, foram 1 milhão . Nesse intervalo, a Rei dos Violões, dona da marca Tonante e que chegou a produzir 16 mil peças por mês segundo um ex-funcionário, desapareceu. 

A Giannini, de onde saíam 10 mil instrumentos por mês nos anos 1980, desde 2008 importa mais que do produz, mesma estratégia adotada pela Del Vecchio, que no auge fabricou 2 mil peças ao mês. Hoje, ambas fazem no total uns 250 violões a cada 30 dias, mas de maneira artesanal, voltados ao público profissional. Angelo del Vecchio, neto dos fundadores da marca, até já alugou sua fábrica para uma empresa de transmissões de veículos. Ficou apenas com a loja na rua Aurora, no centro antigo da capital paulista, onde vende os instrumentos fabricados sob demanda. "Eu não tenho mais expressão", diz Del Vecchio, neto dos fundadores da marca. Última das grandes a produzir em larga escala no Brasil, a DiGiorgio jogou a toalha na virada de 2013 para 2014. Mas parcialmente, ressalva Guilherme Bunger, diretor comercial, já que, embora a finalização do instrumento da empresa seja feita na China, os braços e corpos são produzidos por aqui. "A DiGiorgio conseguiu fazer o acabamento na China sem perder a alma dela que são as madeiras e a forma de construção. A sonoridade continua a mesma e houve melhora no acabamento. Começamos a competir com os demais concorrentes [importados, em sua maioria] mais de igual para igual", afirma Bunger.

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